Formação oferecida pela EESC para professores da educação básica tem inscrições até 08 de agosto e visa contribuir na transformação de jovens em cidadãos ativos para a mobilização social.
Por Paula Penedo P. de Carvalho (Jornalista do PROFCIAMB)
Inserir o tema água de forma transversal nos ambientes escolares é o objetivo do curso EaD gratuito “Água como elemento interdisciplinar do ensino nas escolas”. A formação é um oferecimento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), no âmbito do Programa de Pós-graduação em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais (PROFCIAMB), e conta com o apoio da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A terceira turma está com inscrições abertas até o dia 08 de agosto e é direcionada tanto a professores da educação básica quanto a profissionais que lidam com ensino em espaços não formais e/ou não escolares. Sua finalidade é capacitar educadores na elaboração e desenvolvimento de atividades de ensino e mobilização social para os jovens, com vistas a formar sujeitos ativos e cidadãos que possam compreender melhor sua realidade, se sentindo motivados a transformá-la.
Dessa forma, o curso conta com tutoria feita por discentes do mestrado profissional em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais, oferecido pelo PROFCIAMB, e que passaram por uma capacitação para utilizar o ambiente Moodle e a lidarem com os alunos. Para a primeira turma, que ocorreu em 2018, essa capacitação foi realizada durante o II Seminário de Integração da Rede PROFCIAMB (2017), em Aracaju, no campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS), uma das associadas da Rede. No entanto, devido à pandemia de Covid-19, os dois últimos treinamentos aconteceram online.
Um desses tutores é a pedagoga Marília Nascimento, que atua desde 2006 com ações voltadas ao uso das tecnologias digitais como ferramentas de ensino para a juventude.
Ela conta que ensinar sempre foi um dos seus maiores motivadores e por essa razão se interessou em participar da tutoria, sendo a temática da água fundamental nesse procedimento.
“Mesmo sendo um recurso natural e renovável, a forma como usamos não está dando tempo para que ela se renove. Então isso faz com que um recurso renovável venha a se esgotar”, explica a pedagoga, que é aluna do mestrado profissional pela associada Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) com uma pesquisa sobre Educação Ambiental e tecnologia, focando no modo de consumo e geração de lixo.
Resultados obtidos
A próxima turma do curso “Água como elemento interdisciplinar do ensino nas escolas” ocorrerá entre 08 de setembro e 17 de dezembro de 2021, com a oferta de 1080 vagas e inscrições pelo sistema Apolo (https://uspdigital.usp.br/apolo/). Ele está organizado em cinco módulos, que abordam temas como consumo sustentável, a situação dos recursos hídricos no Brasil, ações educativas, casos de sucesso no cuidado da água e aplicação do aprendizado.
Neste último módulo, os alunos são estimulados a realizar uma atividade de aplicação dos conceitos abordados, que poderá ocorrer tanto em espaços formais ou não formais de ensino, quanto em ambientes não escolares, na modalidade presencial ou à distância. Marília conta que em sua turma havia alunos de todas as regiões do Brasil e que um dos efeitos disso foi a possibilidade de interação no desenvolvimento de soluções variadas para o uso racional, sustentável e respeitoso da água.
Como resultado, eles estão com uma proposta de criar um catálogo com sequências didáticas voltadas à temática água, para que outros profissionais possam ter acesso a esses estudos. “Quando a gente fala em produzir sequências didáticas no mundo pedagógico é muito bom porque possibilita que outros profissionais tenham acesso àquilo, mesmo sem ter passado pelo procedimento do curso, e assim ter curiosidade e querer passar por ele também. Então isso provoca a continuidade em multiplicadores”, argumenta.
Dados estatísticos
Essa influência pode ser observada na quantidade e características dos alunos que já passaram pelo curso. A primeira turma contou com 960 matriculados e a segunda, que terminou em julho de 2021, teve 1.223 participantes. Já a terceira turma conta com 1080 vagas disponíveis, que serão preenchidas de acordo com três critérios, que são formação em curso superior, ordem de inscrição e ciência de que a aprovação depende da realização da atividade final de aplicação dos conceitos.
Além disso, como mencionado pela Marília, trata-se de um curso bastante diverso, que recebeu profissionais da educação de todo o país. Na última turma, por exemplo, a maior parte (51,79%) morava na região Sudeste, mas também houve uma presença bem alta de profissionais da área de ensino da região nordeste (22,76%) e um pouco menos de pessoas do Sul (9,50%), Centro-Oeste (8,69%) e Norte (7,26%). Por outro lado, a maior parcela dos alunos (69,5%), era formada por mulheres e apenas 30,5% eram homens, o que reflete as características da educação no Brasil, um campo bastante feminizado.
Vale ressaltar que a área de atuação e idade desses participantes também é bastante variada. De acordo com dados das duas primeiras turmas, a graduação dos educadores incluía, em sua maioria, biólogos, geógrafos e pedagogos, mas também formações em Matemática, Letras, Química, História, Engenharias, Enfermagem, Design Gráfico, Jornalismo e muitos outros. Enquanto isso, a maior parte dos alunos (68%) pertencia às faixas etárias de 31 a 40 anos e de 41 a 50 anos, com poucos jovens de 20 a 30 anos (11,1%) e apenas 20,6% de pessoas acima dos 50 anos.